Com a direção de Darren Aronofsky (“Cisne Negro”), roteiro de Samuel D. Hunter extraído de sua própria e excelente peça, estrelado por Brendan Fraser, merecedor de um Oscar, que necessitou ganhar peso e próteses para aparentar 270 quilos, e mais cerca de quatro horas de maquiagem diária, de modo à obesidade severa fazê-lo pensar em abandonar a sala de cinema, o recluso professor de inglês, que dá aulas online, tem vergonha de aparecer, pois conhece os olhares de preconceito das outras pessoas, principalmente se, em função dos erros cometidos, resultarem num grande trauma que o levou a perder o controle da alimentação. O contato com a filha revoltada com o pai por ele não ter lhe dado atenção, a cuidadora asiática irritada por ele não se cuidar e arrastar-se em direção ao fim, o jovem missionário que queria pô-lo em contato com Jesus, a ex-esposa alcoólatra, formam um quadro grave das imperfeições humanas em diversos seres que fazem a obesidade crônica ficar em segundo plano. E aí não dá mais vontade de sair do cinema, ao final, empastelado na poltrona, diante do acúmulo absurdo de equívocos cometidos na presente encarnação, que se constituiriam em autêntico desperdício se não lhes fosse assegurada uma nova oportunidade numa próxima existência. Mais um filme de alma espírita sem que os autores tenham tomado conhecimento.