A cura espiritual é umbilicalmente correlacionada com aprender a não falar excessivamente de si mesmo tal como numa sessão de psicanálise. Nem ficar a comentar a própria dor em torno de seus caprichos. Quando você se encontra numa posição extremamente vulnerável e o referencial mudou da água para o vinho – convém ouvir mais.
Se não suportar o silêncio próprio dos espíritos e deixar jorrar incontidas lamentações, denotará conturbação mental, de curso laborioso e tratamento difícil, quando é imprescindível criar uma nova mentalidade de modo a fluir no Plano Espiritual. Pensamentos novos em troca de disciplinar os lábios.
Mas como ser outro ser diante do receio do desconhecido a insuflar a angústia? Combinada à inadaptação ao novo corpo espiritual. Condicionado ao hábito de lutar pela sobrevivência, à fome obrigá-lo a se alimentar e matar a sede, às saudades de quem deixou e não verá nunca mais em carne e osso.
Isso gera ressentimento de quem lhe tirou tudo o que tinha e o afastou de quem mais amava. Você até dizia que, sem ela, seria melhor morrer. Fugiu de suas mãos quem mais você precisava. Sem mais nem menos. Não temos hora marcada para morrer? Isso não é justo para aquele que se empenha, se dedica, dá a sua alma para fazer o melhor que puder. Isso gera mágoa de quem criou essas regras duras de aceitar para quem não enxerga grandes avanços na humanidade e na espiritualidade.
Todo processo evolutivo implica gradação para romper com o véu da ilusão que só satisfaz o egoísmo, denso nos círculos carnais. “Só sei que nada sei”, proveniente do espírito de Sócrates, e “só sei que não somos nada”, evidenciado pelo espírito budista, são o ponto de partida para a cura espiritual fazer aflorar a humildade à medida que o ego vai se apagando.