É triste ver o mundo inteiro lutar tanto para sobreviver. Pessoas de todos os níveis sociais que estão sempre assustadas perante a vida, não apenas aqueles que ganham salário mínimo, mas igualmente executivos que vivem angustiados com tantas pressões, escondendo o drama de suas famílias.
São seres humanos que não vivem. Apenas sobrevivem, pressionados por uma eterna falta de ar, quando muito, um alívio rápido e passageiro, para logo voltar à rotina insuportável de trabalhar em algo sem sentido só para manter o salário; ou orbitar em torno do poder para manter o emprego; ou sair com alguém que não ama somente para não se envolver com um amor de verdade; ou retardar seu retorno ao lar por não mais suportar sua família.
A sociedade nos induz diariamente a nos transformarmos em máquinas com uma repetição infinita de ações rotineiras sem nenhuma relação com sua vocação e seu talento. E ainda chamam a isso de livre-arbítrio.
A depressão se origina muito de uma terrível sensação de inutilidade, quando poderia ter aproveitado as oportunidades da vida, mas não soube valorizar o que era realmente importante.
A infelicidade humana consiste em não se saber escolher o que prefere. Termina por trair seus anseios ao desprezar o afeto encerrado em seu peito, louco para soltar as amarras. O ser humano nasce para realizar a sua vocação divina! No entanto, quantas vezes acabamos nos dedicando exclusivamente à sobrevivência!
Sobreviver e viver são duas entidades antagônicas. Viver é enfrentar seu próprio destino, escrevendo o roteiro de sua própria vida. É participar do jogo da existência, e não ser um mero espectador, oscilando entre as emoções, seus próprios pensamentos e fazendo uso de seus sonhos, seja como bálsamo ou pesadelo.
Sobreviver é torcer para que o dia finde o mais rápido possível. Espremendo-se em seu orçamento, resignado ao circuito casa/trabalho, trabalho/casa. É adiar até onde aguentar as mudanças para não ter de arriscar nada.
O ser humano não pode simplesmente se limitar a completar os dias que lhe restam. Merece o esplendor e a plenitude da vida.