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A DIVISÃO POLÍTICA NO PAÍS ABALA AS CONVICÇÕES DO NATAL 2018

O Natal da discórdia em família. Os filhotes de Bolsonaro acusando a esquerda de doutrinar com seu viés ideológico quando não estão sendo doutrinados nas universidades, ouvindo em retaliação “doutrinados são vocês, por 20 anos de ditadura militar!”. Divididos entre ferrenhos defensores da direita ou da esquerda. Procurem medir o tamanho do mal-estar causado pela atual polarização política na família brasileira durante os festejos natalinos – dizem que o estresse também irá alcançar o Natal dos norte-americanos com a gestão de Trump.
Solitárias e isoladas, sogras seguidoras de Bolsonaro se perguntam se serão convidadas para as festas do final de ano nas casas de genros ou noras. De que adianta comer e beber até meia-noite, silenciando sobre política para, de madrugada, vir uma piada, ironia ou até mesmo um achincalhe, e sobrevir a decepção, tristeza, ódio, ressentimento e perplexidade com o clima criado dentre familiares, ou mesmo colegas de trabalho e amigos, antevendo o medo das trevas que está por cobrir o Brasil de atraso e vergonha.
Muitos romperam as relações com a família inteira em virtude da intolerância, ambiguidade no uso de verdades bíblicas e da dificuldade de lidar com ideias diametralmente opostas, prejudicando o desenrolar do diálogo numa forma construtiva.
O que não se coaduna com o espírito natalino – pelo menos, nesse sagrado dia, não brigar nem entrar em disputa. Absorver perspectivas divergentes das próprias tendem a ser conversas mais frutíferas, principalmente se refletindo sobre o que está ouvindo e tentando realmente entender por que seu interlocutor acredita no que diz. Afinal de contas, cada indivíduo tem reações emocionais diferentes assim como distintos níveis de intolerância a crenças, ainda mais em campos de batalha expressos nas onipresentes redes sociais, o que só aumenta a insegurança.
Por isso, o Natal de 2018 será tão dividido quanto o eterno embate entre judeus e palestinos, capitalismo versus comunismo, elite contra o povo. Bem como o conflito entre gerações, que o Natal sempre procurou amainar.

Antonio Carlos Gaio:
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