Ao som de buzinas e fogos de artifício, bandeiras desfraldadas de todos os tamanhos e vestidos com a “amarelinha”, saúdo essa nova torcida na política identificada pelo “Fora, Dilma!”, por rejeitar uma presidenta eleita pelo povo não faz nem um ano e 5 meses. Saúdo porque a última vez que essa agremiação política foi às ruas, nos idos de 1964, travestia-se de Marcha da Família com Deus pela Propriedade, depois de investir contra Getúlio Vargas até 1954, quando passaram procuração a Carlos Lacerda. Agora, não. Consolidam-se como força política, embora Bolsonaro, que pleiteia o retorno à ditadura e às torturas, dispute sua liderança. É sempre bom tirar a máscara e lutar contra a corrupção para o movimento não desvirtuar em Marcha dos Corruptos, tamanha a desfaçatez e o mau-caratismo de tantos que tentam pegar carona. É alvissareiro e esperançoso, mesmo que não tenha ou não lhe ocorra outra proposta clara em favor da população brasileira. Lutar em favor de uma justiça que prenda não somente seus inimigos declarados e não alivie com quem compactue, para dar uma impressão de que seguem os princípios éticos e de honestidade conforme apregoam. Jamais ser-lhes-á exigido clamar por justiça social, por programas de inclusão, de cidadania e de transferência de renda, porque não faz parte de sua ideologia. É o que nos distingue e que me permite saudá-los, pois vocês finalmente compreenderam a importância e o sentido de ir para a dureza do asfalto lutar por suas ideias, sob a inclemência do sol ou das chuvas. Antes não precisavam por estarem representados pelo poder constituído em eleições livres ou pela ditadura, na maior parte dos tempos republicanos, salvo nos aludidos períodos de Vargas e Jango, bem como da era lulista. Posso compreender perfeitamente que quatro derrotas consecutivas para presidente da República tenham entornado o caldo e que não havia outro recurso senão fazer uso do impeachment para depor Dilma ou cassar a chapa Dilma/Temer no Tribunal Eleitoral, complementado pelo impeachment cautelar de Lula para não interferir em 2018. Só assim, e na dependência de milhões de pessoas subirem ao palco da democracia: nas ruas. Abandonando o aconchego dominical de seus confortáveis lares, para se mexerem e fazerem valer sua formação ou seu berço rumo ao que desejam para o Brasil, de concreto, além de um desmanche nos benefícios trazidos para a coletividade nos governos petistas. Mas não me venham mais com armas e torturas, já basta a parcialidade e a politização nas decisões das camadas mais elevadas do Poder Judiciário. Sejam benvindos à democracia e não sejam meras repetidoras da mídia com a educação que seus pais lhes deram, onde sempre se enfatizou nas boas escolas o discernimento e a rica interpretação dos fatos.