A eutanásia ganha adeptos na Europa. Parentes e amigos ajudam pacientes terminais a cometerem suicídio. A dar um fim em suas vidas em vez de continuar a lutar contra irreversíveis problemas de saúde ou em estado deplorável ou simplesmente vegetando. Querem morrer com dignidade. Marido e mulher não titubeiam em beber um coquetel de barbitúricos, de mãos dadas, cada um na sua cama, perante os filhos, que aprovam o adeus atípico. Para quem teve uma vida inspirada e frutífera e terminar cego e surdo, que o afasta da música, qual o sentido de prolongar a existência com dores insuportáveis, que trespassam a alma? É um pleito justo e humano despedir-se com menos dor, até em reconhecimento pelo legado que irão deixar. Que mal lhes pergunte: já se acertaram com Deus para mudar as regras do jogo? Dores, mutilação e perda da razão podem bem representar um enigma difícil de decifrar que não se encerra com a morte.