O filho que nunca recebeu o abraço do pai.
Precisou o pai morrer para, em sonho, vir abraçá-lo e trazer paz para torná-lo menos inquieto e angustiado. Menos nervoso. Com a falta de fé. Que o isola do mundo e corrói sua confiança em si mesmo – embora seja bem-sucedido.
O filho sempre se escorou na falta de afeto do pai de forma que suas queixas ecoassem e gerassem um crônico ressentimento por julgar-se não amado. Com a morte do pai, o buraco, que já era grande, ficou maior.
Se lhe faltou amor, vinga-se com a falta de fé. A falta de fé no senhor seu pai. O filho precisa de um espírito santo que o ilumine. O fato de não ter penetrado na alma de seu pai no corpo denso dificulta congraçar-se com ele em espírito – só se houvesse fé.
Todavia, o abraço em sonho significou para o filho a conciliação como se o pai vivo fosse e ainda não tivesse partido. O que lhe deu forças para prosseguir.
Qual deve ser o próximo passo? Buscar na fé a fé que ainda não tem. Acreditar no sinal – afinal, não foi um abraço qualquer. Trata-se de um divisor de águas onde o filho, ao cruzar, não mais será o que era antes.
A fé possui um caráter divino, indecifrável, que só nela mergulhando, sem receio de se tornar presa fácil, ganha significado em sua alma e o faz sentir-se abraçado. Não mais em sonho. No espírito.