Quisera que alguém me seguisse com os olhos na calada da noite. Para testemunhar que sou um animal arisco e chego sem me fazer anunciar, já que insinuo mais do que proponho. Não aceito jaulas. Gosto de me ver solto e livre na floresta, correndo com a velocidade do vento. Gosto de sentir a chuva que cai de madrugada, que me ajuda a adormecer. Em contato com o silêncio que, além de não me oprimir, torna-me mais falante. Carrego comigo o carinho de minha mãe extravasando preocupação. Os amigos que me abandonaram. No entanto, o desconsolo não me atrai. Pois o recado de Deus vem escrito num lugar de mim que não alcanço. Já duvidei, hoje não duvido mais. Expulsei o rancor e o alarde de palavras falsas para bem longe. Freei o amor que desejava aprisionar os meus sonhos em cercados tão mesquinhos. Do olhar de criança eu não me aparto; não quero ser tirado de meu lugar preferido. Eu me ajeito conforme eu sou. Não disperso forças que venham a desvirtuar meu âmago. Agora sou feliz por inteiro na porção que me coube reinar.
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