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A GRIPE SUÍNA DEPOIS DA CRISE FINANCEIRA MUNDIAL

Não é coincidência. A atual crise financeira põe em xeque nossa civilização, a exigir uma nova mentalidade apta a enfrentar os desafios da fome, do meio ambiente, do aquecimento global, da energia, da migração desenfreada perante a superpopulação, antes que venha uma pandemia originada no estado de Vera Cruz, no México, perto de uma comunidade que protestava contra a poluição de uma fazenda de porcos. Se, na Idade Média e na Renascença, a fé foi objeto de guerra a separar povos e, no Iluminismo, a razão tampouco soube abreviar os conflitos quando se distanciou de Deus, nos tempos de hoje, não cabe mais tratar o planeta como chiqueiro, nem a nós como suínos. Trata-se de uma crise profunda, que contesta a nossa humanidade e a escala de valores que perseguimos. Há que encontrar uma saída capaz de superar os diferentes níveis de desigualdade social entre pobres e ricos, que gera violência e alimenta o racismo e a xenofobia. Se não semear uma cultura política de forma a construir uma sociedade solidária que concatene o usufruto dos bens da Terra e organize o trabalho humano em prol do bem-comum, a globalização tenderá ao insucesso, apesar das barreiras que a internet vem sobrepujando. O problema é que a eliminar a desnutrição e a fome, resolver a escolaridade primária, reduzir imediatamente o analfabetismo de adultos, proporcionar atenção de primeira à saúde, planificar a família, matar a sede do que for, tornar o Bolsa Família ao alcance de todos, os ricos terão de começar a ceder espaço e se aproximar do nível da esmagadora maioria postada nos degraus inferiores, olhando para cima, se perguntando quando chegarão ao Céu. Se não for a gripe suína, qualquer outra epidemia originada do surto de mutações violentas a que o planeta não aguenta e reage, ameaça cortar o mal pela raiz. Sem mandar aviso e sem escolher cara ou coração ou fortuna. O apocalipse não é o fim do mundo; representa o cataclismo em que as forças do Mal nos agridem e maltratam para mostrar que, conforme se apresenta, o mundo não funciona. Uma nova ordem virá e quem vai ao ar perde o lugar!

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Antonio Carlos Gaio:
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