As manifestações de domingo tiveram como alvo a presidente e os escândalos da Petrobras, deixando em segundo plano o Congresso, que reúne o maior número de investigados, inclusive o presidente da Câmara e do Senado. Alguns defendiam o impeachment com base na roubalheira na Petrobras e no aparelhamento levado a efeito pelo PT na máquina pública. Outros a favor de que Dilma renunciasse imediatamente ou fosse forçada a desistir tal como a UDN e os militares pressionaram Getúlio Vargas em 1954, alegando uma república de lama no Palácio do Catete. Em ambos os casos, sem atentar que o PMDB iria para o poder com o vice Temer, Renan Calheiros, Eduardo Cunha e companhia. Outros querem a volta ao passado com a intervenção das Forças Armadas, pois, assim, presidente e vice seriam depostos e não precisar-se-ia convocar eleições – o que mais receiam com medo do povo “dominado pelo Bolsa Família”. Uma minoria mais lúcida descarta o impeachment pois corrupção há por todos os lados e em todos os partidos: o que falta é punição. Mas enfrenta forte reação do grupo majoritário de que Dilma tem que sair de qualquer maneira, não adiantando fazê-la sangrar até 2018. Se houvesse uma boa solução para eliminar Dilma e Lula, já teria sido aventada. O problema é que todas passam pela solução final, que não condiz com a democracia. Embora boa parte desse eleitorado seja radicalmente contra a defesa dos direitos humanos e apoie a pena de morte para acabar com a corrupção. Portanto, não existe consenso plausível quanto à melhor forma de destituir o PT do poder, salvo pela desestabilização no transcurso da Operação Lava-Jato. Enquanto isso, novas manifestações deverão ser convocadas para adensar o confronto que mais reflete uma disputa de classes sociais, em função dos desaforos trocados por coxinha, reaça e gourmet contra os preguiçosos que vivem de Bolsas. A guerra está apenas começando.
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