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A INJUSTIÇA SOCIAL É PIOR DO QUE A CORRUPÇÃO

A maior calamidade do mundo é a desigualdade, a concentração de renda nas mãos de poucos, a injustiça social. Esse é o discurso do qual, já na escolha do nome Francisco, o atual Papa partiu para não perder uma chance de denunciar a desigualdade – bem distante do Papa alemão. Até em fóruns capitalistas como em Davos, é unânime a opinião de que não existe nada mais urgente para o futuro da humanidade do que reduzir a desigualdade. Senão o planeta corre o risco de ser engolido pela miséria tal como a Europa já se encontra ameaçada pela invasão dos muçulmanos fugindo da guerra em seus países e do Estado Islâmico. Mas no Brasil, não. O maior problema nacional é a corrupção, a despeito de ser assolado por uma injustiça social não registrada na História do Brasil. Só pode ser o resultado da lavagem cerebral promovida pela mídia. Nunca se viu jornais e revistas fazerem campanha por uma sociedade mais igualitária. Denunciar a desigualdade significaria mexer com os privilégios das famílias que controlam a imprensa, já que, como sócias da manutenção da desigualdade, lucram muito com a má distribuição de renda, dentro de uma visão estreita e colonialista. Claro que a corrupção é um câncer no Brasil que quimioterapia nenhuma cura, mas concentrar na corrupção a revolta e o inconformismo desvia o foco da verdadeira tragédia brasileira, que demonstrou que veio para se entranhar em nossa sociedade desde o Brasil Império, quando conquistamos a independência de Portugal, mas não nos livramos do espírito escravagista. Não à toa que os países menos corruptos do mundo, os escandinavos, são os que cobram mais impostos para materializar a justiça social e matar esse espírito que teima em ser predominante e fingir-se de digno, culto, honesto e ético, que põe o dedo na cara de quem julga corrupto, desde que não metam a mão em seus privilégios e cada um conheça o seu lugar, e que fique por lá! Nos impressionamos com os patifes que desviam o dinheiro público, mas não nos tocamos com a injusta distribuição de renda quando a alma se apequena, visto que a corrupção numa sociedade será tanto maior conforme forem os abismos entre as classes sociais.

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Antonio Carlos Gaio
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