Soa como um tapa na cara os italianos aconselharem Bin Laden a pedir asilo ao Brasil, acusando Lula de defender terroristas, quando não quis extraditar Cesare Batista, condenado à prisão perpétua na Itália por 4 homicídios, de caráter político. E a recíproca não é verdadeira, pois não se interessaram em extraditar o bem-sucedido Cacciola. Também não é justo nos acusarem de coniventes com a ditadura militar, porque perdoamos nossos torturadores ao anistiarmos seus crimes, enquanto eles resolveram botar em cana todos os ativistas de esquerda que impediam a Itália de mudar a imagem de tudo acabar em pizza. Afinal de contas, os podres da Máfia exibidos com riqueza de detalhes no filme “Gomorra” – sucesso no mundo inteiro- obrigaram o autor do livro a andar com escolta policial. Nem mesmo Berlusconi é mais sério do que Daniel Dantas, que corre o risco de falir com o bloqueio de mais de 2 bilhões de dólares no exterior, obtido por meio de ordem judicial, a partir do que se roga ao juiz supremo Gilmar Mendes dessa vez não intervir. É um dinheiro sujo que, se repatriado, será destinado aos governos estaduais para melhorar o aparato policial e diminuir a criminalidade. Essa dinheirama saiu do país através de doleiros rumo aos paraísos fiscais e retornou sob forma de investimentos estrangeiros, livres de imposto de renda e de outras taxações que sacrificam a carga tributária de ricos e poderosos. Daniel Dantas deu o seu sangue para galgar na escala de valores a um prestígio que só celebridades como Berlusconi alcançam. O dono do Milan detém um invejável império de comunicações e não confunde o interesse público com seus interesses privados. Assim o povo italiano acredita e vota nele, como se fosse o Papa.