Berlusconi conseguiu por um voto a maioria no Parlamento de modo a se manter primeiro-ministro perante uma Itália atolada em grave crise econômica. Berlusconi lembra a melancólica figura de Kadafi com seu Exército Brancaleone, seguindo em frente por pura inércia e instinto de preservação. Protegido por essa maioria de direita, que só se preocupa com sua conta bancária e privilégios parlamentares, agindo como Sarney no nosso Congresso: toma lá, dá cá. Sem ética e interesse pelas cores do país, o governo não existe e vem perdendo apoio, dificultando a aprovação de uma série de medidas para resguardar a Itália da crise do euro e não levá-la à queda como na Grécia, Irlanda, Portugal e Eslováquia, bem como impedindo a convocação antecipada de eleições a exemplo da Espanha. A Itália chegou ao impasse de não ter ninguém melhor do que Berlusconi para substituí-lo. A democracia não precisa de falsos heróis. Em curso, a maldição do mau tratamento dispensado pelos europeus aos imigrantes e visitantes, em geral.