Há quem lamente não haver espaço no palanque para a ética nas próximas eleições. O derrame de mensalões no PT, PSDB e DEM cobriram a classe política, como um todo, de lama. Quem acreditará em resgate de imaculada moral? O caçador de marajás reclama até hoje da hipocrisia de quem o cassou, sem nós sabermos ao certo se ingere tranquilizantes para acalmar seu fogoso espírito ou se ficou arrasado por destruir o milagre que o destino lhe proporcionou de graça. Em matéria de tentar enganar a si próprio e a nós outros, Collor só é superado pelo DEM, em seu esforço frustrado para mudar a imagem. Como seus currículos se baseiam em famílias e trajetória política relacionadas ao coronelato e à cumplicidade com a ditadura, pensaram que bastava mudar de imagem de um dia para o outro. Quando o discurso moralista, radicalizado após o mensalão do PT, apenas repetia a pose de menina-moça ofendida pelo gracejo de um cafajeste, típica da caquética UDN, berço de onde foram ejetados. Se até o PT alardeou que, com eles no poder, o país iria ficar mais barato, sem ter de gastar com comissões e propinas, e acabaram engolidos pela jiboia! A jiboia tem por função devorar o boi que engorda às custas da demagogia, comprimindo seus ossos para diminuir seu diâmetro e passar pela goela. Pena que os políticos não acreditem em bicho-papão, pois a nossa cultura é autofágica. Tendemos a comer uns aos outros. Se nos miscigenamos aos índios, a antropofagia está no sangue.