Nascemos e crescemos esquecidos do que aconteceu conosco em vidas passadas, salvo se manifestações súbitas ocorrem para avivar algo importante, de forma a aprumar seu destino e torná-lo fecundo, influenciando espíritos outros a captarem sinais que vêm em seu socorro.
A reencarnação é cada uma das rachaduras ou ramificações, de formas, cores e extensões variáveis, que representam a árvore da vida. Se a reencarnação é um processo de aprendizagem, é fundamental não lembrar de vidas passadas para a mágoa, a queixa e o azedume não o prejudicarem no reajuste do rumo de sua alma. É como se fosse começar da estaca zero e evoluir através das próprias escolhas, ignorando ser a ocasião ideal para reparar erros de outras encarnações – salvo se amadurecido precocemente. É uma nova prova para pôr em prática o seu livre-arbítrio e demonstrar seu caráter e integridade.
Se você prejudicou deliberadamente inimigos seus em outras vidas, essas pessoas podem reencarnar e fazer parte de seu círculo familiar ou social, a fim de se promover a necessária reconciliação. Se você souber de antemão quem é quem no processo reencarnatório, trará para esta existência os ressentimentos vividos, o que poderia redundar em acerto de contas, que em nada contribuiria para o necessário perdão de erros cometidos. O que não aconteceria, por exemplo, aos que foram submetidos à exploração do trabalho infantil, se obrigados a conviver com seu patrão em outra existência? Alguém que o levou à falência? Que traiu sua confiança? Pessoas que foram irmãs suas e se afastaram, sem darem o menor motivo? A ter que explicar a inveja, o desprezo, a mesquinharia, enfim, nossas misérias morais.
A convivência entre almas partidas em outras vidas se faz necessária nesta. Para que ressurja o amor e o vínculo perdido em celeumas e desaguisados, por vezes, inúteis. Por isso, o esquecimento do mal em cada jornada reencarnatória facilita sobremaneira a aproximação e o entendimento, de forma à plenitude do perdão nos alcançar e nos tranqüilizar, se bem ultrapassados os carmas escalados para progredirmos.
Toda essa seqüência de vidas constitui um bem ordenado processo de engrandecimento do espírito e serve para recuperar deslizes e desvios de conduta no passado. Fazer o bem a quem enganamos e causamos sofrimento. Ou chegarmos até aqui no estrito cumprimento de missões.
Não existe um julgamento definitivo, com a pena capital para cortar sua cabeça. Apenas um julgamento parcial, sopesando os prós e os contras ao término de cada jornada terrena. Com base na lei de causa e efeito, sofreremos as conseqüências dos maus atos anteriores, ou seja, ações não fundamentadas no amor e na falta de humanidade. Quando, por exemplo, o ser humano se envaidece com seus predicados que lhe permitiram conquistar um destino invejável, desprezando a humildade, que não ignora que o que lhe foi dado pode ser retirado no amanhã.
Assim, iremos nascer e morrer muitas vezes para progredir, agregando conhecimento espiritual à alma perene encarnada em nossos corpos. Dispomos de inúmeras oportunidades para aprender a arte da convivência em ambiente de cooperação. Compete a cada um descobrir seus caminhos da forma mais consciente possível. Se há um juiz supremo, é a nossa própria consciência.
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