(baseado em “Le Livre des Médiums”, de Allan Kardec)
O Espírito compreende sem dúvida todos os idiomas ou línguas, já que elas são a expressão do pensamento. Pois é através do pensamento que os Espíritos se comunicam, interagem e chegam até nós, os encarnados.
Os Espíritos não precisam da vestimenta da palavra para compreender o pensamento expressado. E isto em razão de suas faculdades intelectuais mais avançadas do que os encarnados, até mesmo pelos conhecimentos anteriores adquiridos em seu estado latente, a despeito de haver uma parcela considerável limitada, aquela que reflete os desorientados e os que ainda não se encontraram no Plano Espiritual.
Por isso se acredita que os Espíritos se dirigem de preferência aos mais esclarecidos ou instruídos, até para bem divulgar o Espiritismo e estimular o desenvolvimento de faculdades mediúnicas, se bem que nesse meio é notório se encontrar os indivíduos mais incrédulos, os mais rebeldes, os mais intransigentes, senão os que mais tropeçam nos delitos da moralidade.
No entanto, as qualidades que mais atraem os bons Espíritos são a bondade, a boa vontade, a simplicidade no coração, o amor ao próximo, o desapego às coisas materiais. E o que mais repele os bons Espíritos e os faz se afastar são os portadores de orgulho, egoísmo, inveja, ciúme, ódio, a desejar o que é do outro, e o apelo à sensualidade explorando as fraquezas no sentido de bem manipular.
O orgulhoso é o que menos reconhece o pecado capital em si, tornando-se presa fácil de maus espíritos, à medida que abusa da falsidade, da mentira e da perversidade. Ao ser possuído por uma confiança cega, que lhe proporciona a sensação falsa de superioridade e infalibilidade que lhe confere um certo desprezo por tudo que não se origina dele, renega qualquer espécie de conselho e se afasta de quem deseja abrir seus olhos, preferindo se distanciar de seus amigos para não ser contraditado e manter-se iludido. Afetado por ares de autossuficiência.
Julga-se os Espíritos por sua linguagem e ações. As ações são os sentimentos que eles inspiram e os conselhos que eles nos dão. Os Espíritos superiores guardam uma linguagem sempre digna, nobre, elevada, sem a menor trivialidade, tudo dito com simplicidade e modéstia, jamais se vangloriando, nem alardeando seu saber e sua posição perante os outros.
A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão pela forma, mas pelo conteúdo, porém jamais contraditórios. Claro, inteligível para todos, a não demandar muito esforço para ser compreendido, a dizer muito com poucas palavras, visto que cada palavra tem o seu próprio alcance.
Os bons Espíritos não querem ser a última palavra e não comandam jamais. Não se impõem, e se não lhes escutam, eles se retiram. Ou apenas advertem com moderação, sem querer o mal do próximo.