Eu antes carregava a mala do passado pra tudo que é lado. Era tão pesado o fardo que até me machuquei. Lesão por esforço repetitivo.
Foi então que despertei. Resolvi destrancar a bagagem e tirar tudo dali de dentro. Fui olhando cada peça, em cada compartimento. Lembrei, revivi, me emocionei e entendi. Eu precisava me perdoar. E entender que aquele lugar estava longe. E que de onde agora eu estava, não precisava mais daquele peso. Não havia necessidade de repetir traumas a esmo.
Fui jogando fora todas as coisas. Uma por uma, num ritual. Conversava com elas e me despedia. Foi assim até a mala ficar vazia.
Hoje, caminho sem carregar nada. Vou com a roupa do corpo. O que preciso está dentro de mim e não pesa, pelo contrário, me eleva. Me eleva sim.