José Serra desencadeou tamanha onda conservadora e preconceituosa na campanha eleitoral que lembrou a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade. Aquela que fundamentou a ditadura militar no golpe de 1964, aplicado em nome da democracia. Investido no poder, Serra defenderia os interesses de uma elite baseada em São Paulo não dever nada ao Brasil. Ao melhor estilo do Partido Republicano e do movimento Tea Party nos EUA, conseguiu, em seu favor, que certos setores da Igreja Católica promovessem um cerco à campanha de Dilma, em nome da vida, lançando o aborto à fogueira da Inquisição. Os militares da antiga devem ter esfregado as mãos de satisfação com a facilidade e o oportunismo com que Serra jogou na lixeira seu passado de presidente da UNE e exilado no Chile, do qual tanto se orgulha e realçou no programa eleitoral. O conservadorismo brasileiro de conteúdo fascista da década de 60 voltou a mostrar sua cara, mesmo não mais havendo a ameaça comunista, conseguindo entrelaçar seu destino ao dos tucanos dito modernos e primeiro-mundistas. Serra soube explorar essa aliança com rara maestria para angariar milhões de votos, mas constrangeu o eleitor tucano que exigia um governo pautado na eficiência, na privatização e no combate à corrupção e à demagogia. Como se fosse a bomba do Riocentro, o legado de Serra explodiu no colo do PSDB e do DEM, antigo PFL, que está fadado a ser extirpado, conforme Lula previra.