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A MENINA AMARELA

Em dias de sol, a menina amarela via sua sombra negra fora de si, no chão. A acompanhá-la por onde ela ia, mas nunca dentro dela, sempre fora. Aquele negrume não combinava com a menina. O problema eram as noites e dias nublados. Complicado. A sombra negra invadia a menina amarela, deixando- a cinzenta por dentro, com escuras ideias e sentimentos. Era sempre assim: dia de sol, alegria amarela, sombra pra fora. Noite e nuvens, sombra interna, menina ranzinza, cinzenta.

Até que, por uma vontade esquisita do Senhor Universo, o sol fugiu da menina. A sombra grudou dentro dela. Dias e dias cinzentos para a ex-menina amarela. Isso não podia ficar assim!

Então, a menina amarela se cansou de ser cinza. Botou uma roupa amarela, um sorriso no rosto e começou a repetir várias ideias malucas. Ideias tão malucas que lhe davam uma alegria danada. E, assim, o sol voltou a aparecer. E sempre que ameaçava chover, ela sacava as ideias malucas (ou alegres?) da cabeça. A chuva continuou a molhar, o dia continuou a anoitecer, mas a menina amarela já sabia o que fazer. Quando chovia ou anoitecia, ela logo se armava de alegria e saía cantando por aí. E não é que a menina acabou levando seu amarelo para outras pessoas cinzentas também?

Categories: Colaboradores Tudo
Mariana Valle:
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