(Colaboração de João Carlos Eboli)
Pouca gente sabe que há um lugar no mundo, localizado no estreito de Bering, que separa o Alaska do extremo oriental da Ásia, em que parte do território é dos Estados Unidos e a outra é da Rússia, separadas por um estreito de apenas 3.700 metros. São as remotas e pouco conhecidas ilhas Grande Diomedes e Pequena Diomedes, que permanecem geladas durante boa parte do ano, permitindo a passagem a pé entre elas. Provavelmente, serviu de ligação aos primeiros povoadores do continente americano.
A Grande Diomedes é o ponto mais a leste da Rússia, e a Pequena Diomedes é o ponto mais a oeste dos Estados Unidos. Durante a Guerra Fria, os nativos que habitavam as ilhas antes das colonizações russa e americana estavam proibidos de circular entre elas, efetuar trocas comerciais ou qualquer outro tipo de informação, passando essa zona a se denominar de Muro de Gelo. Ao terminar a 2ª Guerra Mundial, todos os nativos da ilha russa foram transportados para o continente, e o arquipélago ficou só com uma pequena povoação de 170 habitantes na ilha americana.
Contudo, existe outra separação: a dos fusos horários. A faixa entre as duas ilhas não só corresponde à fronteira entre Rússia e EUA, como também à linha imaginária internacional de mudança de hora. Enquanto na Pequena Diomedes é “hoje”, na Grande, já é “amanhã”. A diferença horária oficial entre ambas é de 21 horas. Assim, quando do lado russo é meio-dia, quatro quilômetros a Leste, são 3 horas da tarde do dia anterior. Muito embora a hora solar em ambas as ilhas seja exatamente a mesma – pois se uma é do lado da outra! No inverno, converte-se no único lugar do mundo em que se pode passar a pé de ontem para hoje ou de hoje para amanhã.
Nos tempos atuais, surgem vários projetos para globalizar o que resta, como levantar a chamada Ponte da Memória que uniria as duas ilhas e os dois países, resultando na primeira ligação física entre a Ásia e a América.
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