Uma das consequências mais importantes das manifestações é a mídia ninja. Termo extraído do imaginário japonês que significa lutador que se utiliza de disfarces para resistir, aguentar, suportar toda pressão contrária e desproporcional ao seu tamanho e possibilidades. Daí a necessidade de andar mascarado e de se mover furtivamente, bastante diferente da imprensa alternativa que, cara a cara, enfrentou a ditadura militar, mestre em aplicar o garrote vil para estrangular a liberdade de informação. Inspirada no Wikileaks, vazamentos de segredos de Estado promovidos pelo australiano Julian Assange para refrear os excessos do imperialismo americano, a mídia ninja tornou-se a voz oficial dos manifestantes, que se recusam a prestar declarações à mídia tradicional, até para não serem identificados e objetos de campanha vis, a exemplo do que Jabor pretendeu e depois recuou, desculpando-se. Acusada de parcial com avaliações em favor dos manifestantes, a despeito da transparência com som e imagem local, sem passar pela edição que convém ao noticiário que se deseja veicular. Em matéria de falta de isenção, não é muito diferente do que se vê na velha imprensa, no Jornal Nacional, no colunismo político. A mídia ninja deixou abaladas as estruturas da antiquada imprensa, que se mostra muito acomodada, apenas preocupada com a sua própria sobrevivência.