O Rio de Janeiro foi bombardeado por chuvas de intensidade nunca antes vista. Vias de acesso principais e secundárias foram cortadas, rolando pedregulhos, esfacelando a terra que nos dá sustentação e desbastando serras. Cruzou a Baía de Guanabara e torpedeou Niterói e quem mais a seguisse na anarquia urbanística. Elevou o nível de rios, lagoas e canais em concomitância com uma maré alta decorrente da lua cheia, que não encontrou uma saída para escoar o excesso de água, mesmo porque veio uma ressaca atrás da outra que os políticos costumam provocar, tamanho o descaso do poder público com a ocupação indiscriminada dos morros por ricos e pobres. Os últimos, por necessidade da proximidade com o mercado de trabalho e para fugir de morar na areia, se não têm onde morar. Quanto aos primeiros, lhes é facultada a primazia de residir em determinadas encostas para apreciar o mundo de cima e fugir ao mundo de baixo. De onde buscar recursos para construir moradias e atender a população de baixa renda, removendo-a das áreas de risco e salvando suas vidas, se adiante vêm aí a beleza pura do carnaval da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016? Deus, que não é bobo nem nada, mandou um aviso em bom português.