Tem mulher que sabe levar o homem. A que não sabe, exagera no ciúme, na posse, a não dar trégua enquanto ele não se comportar direito ou, então, ficar do jeito que ela gosta. Há que dominar o circuito e dar tantas voltas quanto for necessário para não comer o peixe cru. Comê-lo sim pelas beiradas e segurá-lo pela rabada é o recomendável. Não me entenda mal. Não estou aqui a manifestar nenhum tipo de autoajuda fatalista que busca disfarçar a impotência de sermos infelizes nas relações. Coisa que odiamos admitir, fazendo das tripas coração para sermos otimistas. Porquanto, quase sempre e de forma desesperada, metemo-nos num beco sem saída em nossas relações tumultuadas para justamente cavar nossa sepultura, a fim de que depois nos ponhamos a braços a buscar a melhor maneira de encontrarmos uma saída. Dando a impressão de que só nos contentamos quanto mais complicamos. A bem da clareza, só profundeza para nos enterrar mais e mais. Tem mulher que sabe levar o homem e consegue manter-se na superfície. A que não sabe, afunda-se na profundidade e na complexidade, junto com ele. Salvo se ele se desgarrar e nadar braçadas para onde o nariz apontar. Até encontrar a sedosa mão de uma mulher, que o levará a refugiar-se em sua ilha. A salvo de outras mulheres.