O homem e a mulher turca não podem viver juntos como quem não quer nada. Não podem se amigar. Têm que casar. Caso contrário, a mulher fica malvista. Pior, mal-afamada. Sempre a culpa recai na mulher, embora seja o homem que não saiba se quer viver com essa mulher. Pois a mulher não tem o direito de fazer essa opção, senão se condena à solidão e ao inferno de poucas que enveredaram por uma vida diferente de outros e que ousaram não seguir o roteiro previsto. Se se tornam infelizes, o homem pouco se importa: quem mandou? O lamento das mulheres oprimidas expresso nas músicas muçulmanas ou turcas quando ambas se esbarram nos meandros da vida. A mulher tem mais é que aceitar uma existência em família com filhos. Quem foge a essa expectativa é considerada uma puta ou rebelde inconsequente. Não há espaço no mundo para quem deseja caminhar fora da ordem. Doce ilusão pensar que as mulheres ocidentalizadas não são também perseguidas pela mais bastarda das leis do apedrejamento que pune as supostas adúlteras, enquanto ao homem é reservado o trono de sultão. O ato de procriar as escraviza e as seduz ao mesmo tempo, de tal forma que, no sentido mais amplo da História, as deixa sem saída para serem mais felizes sem o homem por trás.
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