A nova classe média brasileira é assim chamada por ser aferida exclusivamente em termos econômicos. Contudo, a má vontade dos que abominam a mobilidade social – até para não perder o seu lugar, mesmo que não valha lá essas coisas – curte um prazer especial em compará-la com os padrões da classe média americana e europeia para desvalorizá-la. Quando existe um fosso abissal demarcado pela maior educação, formação e nível intelectual do Primeiro Mundo, que vem de longe. Essa gente sublinha que, na verdade, é uma classe trabalhadora de vida precária que mal completou o ensino fundamental, vivendo em moradia inadequada, cujos filhos estudam em colégio público. Não dão o menor valor ao aumento da renda da classe C e acesso facilitado aos bens de consumo, dispondo de celular e cartão de crédito, quando não TV a cabo. Ignoram o seu maior símbolo: a carteira de trabalho assinada – a inserção no mercado de trabalho, quando estavam no mercado informal. Esses falsos nobres, que assim desprezam o que eles chamam de ralé, nunca foram pobres, mas se encontram em franca decadência moral, senão em situação falimentar ou na condição de remediados, que não justifica botar toda essa banca.