Baseado na obra homônima de Clarice Lispector, mulher muito acima de seu tempo, e inclusive de nosso tempo. Sob a direção do grande intelectual e pensador Luiz Fernando Carvalho, que transformou em cena Maria Fernanda Cândido, nunca vista assim antes e melhor do que nunca. Clarice explorou a paixão segundo o gênero humano (G.H.) baseada na mulher encarcerada pela sociedade patriarcal dos anos 60, prenha por inutilidades de “quando vai se casar e ter um filho?” a orientar seu destino – ela mesma foi vítima. Na busca por descobrir seu próprio prazer e se desfazer de invólucros morais e sociais, como atribuir-se imundície e reprimir paixão e sexo, quando, na verdade, são libertadores. Sobre a provação, Clarice se detém no que a vida está nos pondo à prova, mas significa também que estamos provando, podendo se transformar numa sede cada vez mais insaciável. É não mais fiar em sentimentos e alimentar esperança – é fazer, fazer e deixar acontecer. Apesar de parecer pouco provida de fé, não para de incansavelmente citar Deus ao longo da paixão, como se em feitio de oração. Até para ajudá-la a prosseguir em sua trajetória e absorver suas provações.