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A POLÍCIA FEDERAL EM DESSINTONIA COM OS TRÊS PODERES

A corrupção é o problema que não deixa o brasileiro dormir, tamanha a incessante roubalheira de norte a sul do Brasil, o desvio de dinheiro público, a venda de sentenças, tráfico de drogas, quebra na conduta dos políticos com aliciamento, chantagem e mensalão, seqüestros-relâmpagos, assaltos a residência, laranjas, fantasmas. Todos se fazem de bestas:
– Quem, eu? Eu venho de família honesta que nunca pisou em falso no pescoço da mãe para ser alguma coisa na vida. Mas que Deus me perdoe, tenho que pensar no futuro de meus filhos e no seu patrimônio para que não morram de fome. Esse é o exemplo que vou deixar, de pai presente e consciencioso. 
O mal que encruou na realidade brasileira. A corrupção de valores em que a ética perdeu terreno e fundamento. A Polícia Federal aceitou o desafio e deseja se emancipar e se tornar imune às interferências políticas, a fim de continuar no direito de algemar desembargadores que integram quadrilhas. No intuito de acompanhar a evolução dos profissionais do crime, desde Abadía a Cacciola, com métodos de coerção ao banditismo que não ofendam os direitos humanos, na prevenção contra novas modalidades criminosas, como os delitos ambientais, a biopirataria e a invasão de computadores. Deseja sair do impasse de dois Brasis: o que clama por avanços e o ultrapassado.
Já vai longe o tempo em que a segurança era monopólio dos quartéis e onde a PM e, especialmente, a Polícia Federal cumpriam ordens do general de plantão em Brasília. Em nome da segurança nacional. É inegável o rompimento com todos os vínculos do passado, desde Fleury a Tuma, e que caiu nas graças da população com aprovação superior ao carisma de Lula (70%), sendo cortejada até por governos eleitos pela oposição quando precisam designar seus secretários de Segurança.
Deseja uma autonomia como a do Banco Central, que aumenta a taxa de juros a despeito do presidente e do ministro da Fazenda torcerem o nariz. Não mais atender, sem questionar, às determinações do palácio do Planalto, como ficou no ar nas eleições de 2002, quando a candidatura Roseana Sarney foi a pique, num flagrante de caixa 2 em campanha, beneficiando a candidatura Serra, fruto de suposta armação a mando de FHC – o que lhe custou a imortalidade na Academia Brasileira de Letras, em função do veto imposto pelo marimbondo de fogo.
Ou mesmo investigando, sem resultados, o dossiê feito de encomenda para atear fogo no ninho dos tucanos e que acabou prejudicando Lula, levando-o ao 2º turno em 2006, deixando Mercadante cabisbaixo e murcho ao porem em dúvida sua intervenção no falso testemunho, a ponto de baixar hospital.
Os diretores da Polícia Federal devem ser sabatinados e referendados pelo Congresso, até para aproximá-los mais de deputados e senadores, a fim de inteirá-los de seus propósitos de cortar os dutos da rapinagem infiltrada no setor público, inibindo na fonte o mal que, com freqüência, se acerca dos congressistas. Advirão lucros da transparência, ao confiscarem do tráfico, contrabando e lavagem de dinheiro, o numerário corrupto que irá cobrir seus gastos. Sem contar o ingresso de mais divisas na infra-estrutura da economia e no turismo com o resgate de credibilidade nos ninhos de ratos que por aqui vicejam.
Restando a última resistência a ser quebrada, a de um poder policial se agigantar como braço do Poder Executivo e pôr as garras nas falcatruas do Poder Judiciário. Eles não gostam que metam o bedelho em sua jurisdição. Têm medo que se pelam de grampos nos telefones. Não param de soltar presos, dentre peixes graúdos e traíras. Justiça seja feita, com exceção de monstros. Rendem-se, impotentes, a chicanas jurídicas e aceitam, passivamente, o processo penal que dura de 10 a 15 anos, quando não prescreve. Conformados, não ateiam fogo às togas, em sinal de rebeldia diante da injustiça que campeia debaixo de seus narizes, sem tato e sensibilidade.
A Polícia Federal não pode se dar a esse luxo, senão vai para a cadeia.

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Antonio Carlos Gaio
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