A prisão de Lula pedida pelo Ministério Público de São Paulo em razão de ocultar um tríplex em Guarujá, que ele alega não lhe pertencer, incitou o ódio e provocou a militância petista às vésperas das manifestações pelo impeachment de Dilma no dia do nº do PT, cuja responsabilidade sobre um confronto recairá sobre as costas de Conserino, Blat e Fernando Henrique, os três patetas procuradores e pseudointelectuais (trocaram na denúncia Engels por Hegel), que armaram esse espetáculo com objetivos políticos, tanto que avisaram a Veja de seus propósitos em janeiro de 2016. Basearam a denúncia substituindo o título de propriedade no cartório pelo depoimento de pessoas que acham que o apartamento é de Lula. Acirrando o conflito de jurisdição entre os procuradores paulistas e a força-tarefa paranaense da Lava Jato, numa batalha de celebridades, Conserino versus Moro, ambos na ânsia de prenderem Lula primeiro. Melhor não poderia ser para quem se identifica com a pústula do Bolsonaro, e o pior dos infernos para Lula, cuja prisão é uma questão de tempo em face da ditadura no Judiciário ter se instalado e não havendo instância ou corregedoria que coíba os excessos de uma justiça parcial que demonstra não temer a cassação da vontade popular. Conserino já chegou, a título de combater traficante de drogas, a encomendar uma farta partida para ser entregue, via Sedex, no Fórum de Barra Funda, o maior complexo judiciário da América Latina. Por isso, não é de se espantar quando fundamenta a prisão por Lula atentar contra a ordem pública em virtude de mobilizar a militância e suas forças políticas com raro desassombro, interpretando como probabilidade evidente de ameaças a vítimas e testemunhos. O que revela uma banalização do instituto da prisão preventiva e busca amordaçar o maior líder político do país, impedindo a manifestação do seu pensamento e até mesmo o exercício de seus direitos. Se Conserino ainda não é bandido, certamente já se tornou um instrumento do golpismo, passional e incendiário, a ponto de comemorar em êxtase o sucesso de sua denúncia, o que não se encaixa com as prerrogativas de um procurador do Ministério Público Federal. Quando a detenção do ex-presidente pode ameaçar mais a ordem pública do que a sua liberdade. O baixo nível de cultura política desses jovens procuradores, levando-os a meter os pés pelas mãos, assustou até os tucanos, que recomendaram cautela e prudência diante da iminência de prender um ex-presidente da República ainda na fase de inquérito, tratando-o como um criminoso hediondo. Seria um precedente gravíssimo, e os nossos parlamentares, cercados por acusações de estelionato eleitoral e improbidade administrativa, sabem que na política tudo tem volta. É um bumerangue que volta a atingir o quengo de quem teima em pontuar como o juiz Sérgio Moro: “na democracia, não existe nós e eles. Existe nós. A democracia somos nós, ainda que tenhamos opiniões divergentes” – alfinetando Lula, cujo ponto de resistência somos nós, pobres, contra eles, ricos. A cultura dos opressores, o significativo de poder em suas mãos, mandando nos oprimidos, que formam a maioria pela qual devemos zelar e priorizar. Essa divisão só terá fim no dia em que todos formos solidários uns com os outros e a moral se guiar pelos mais elevados princípios humanitários. Jamais como num clima de guerra atual como esse que estamos passando, longe, muito longe de vislumbrar paz.