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A REAPROXIMAÇÃO DE EUA COM CUBA LEVOU 53 ANOS E SE COMPARA COM AS CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA DOS CEM ANOS

A expressão Guerra dos Cem Anos, surgida em meados do século XIV, identifica uma série de conflitos armados, registrados de forma intermitente, durante o século XIV e o século XV (de 1337 a 1453), envolvendo a França e a Inglaterra. Embora a guerra tenha durado 116 anos, o tempo foi arredondado para 100. A longa duração desse conflito explica-se pelo grande poderio dos ingleses de um lado e a obstinada resistência francesa do outro. Ela foi a primeira grande guerra europeia que provocou profundas transformações na vida econômica, social e política da Europa Ocidental, marcando o fim da Idade Média. A França foi apoiada pela Escócia, Boêmia, Castela e Papado de Avignon. A Inglaterra teve por aliados os flamengos, alemães e portugueses. A questão dinástica que desencadeou a chamada Guerra dos Cem Anos suplantou o caráter feudal das rivalidades político-militares da Idade Média e marcou em ferro e brasa o teor dos futuros confrontos entre as grandes monarquias europeias. O avanço e a conquista inglesa só não foram maiores porque ocorreu a chamada peste negra, que dizimou praticamente um terço da população europeia, sendo responsável por interromper a guerra. Em 1415, Henrique V desembarcou na Normandia e travou a batalha de Azincourt, num terreno em que a chuva transformara num atoleiro e a orgulhosa cavalaria francesa foi massacrada e centenas de seus nobres pereceram. Seguiu-se a ocupação de Paris (1419) e de outras regiões ao norte da França, obrigando a assinatura da paz que garantiu à Inglaterra a posse de todo esse território. E, o mais grave, forçando o rei francês (Carlos VI) a deserdar do trono seu filho e a assistir sua filha Catarina casar-se com Henrique V, ficando os ingleses com o direito de herdar o trono francês. É nesse momento que aparece em cena uma camponesa mística e visionária: Joana d’Arc. Ela organiza um exército completamente diferente dos exércitos feudais, que lutavam por seu senhor e seu feudo. O de Joana d’Arc era um exército nacional, que lutava pela França e por seu rei. Os franceses, agora, sentiam-se integrantes de um país, depois que o seu atual território foi recuperado – a ideia de nação estava lançada. Mesmo com Joana D’Arc tendo sido aprisionada por franceses traidores da Borgonha e entregue aos ingleses, julgada herética por um tribunal eclesiástico e queimada na fogueira, em 1431, em Rouen. Com a captura de Bordeaux em 1453, o último reduto inglês, desistiram de todas as reivindicações sobre a França, sem assinar um tratado sequer para assinalar o fim das hostilidades. A reaproximação dos EUA com Cuba levou 53 anos e trará como consequência o mesmo caráter de profundas transformações na vida econômica, social e política provocadas pela Guerra dos Cem Anos, marcando o fim definitivo da Guerra Fria e suplantando o atraso de caráter feudal de rivalidades político-militares que marcaram em ferro e brasa os confrontos entre capitalismo e comunismo. A China, com sua pujante e crescente presença, emergindo com seu capitalismo de Estado, irá fazer com que o fulcro das disputas políticas seja uma guerra sem fronteiras no plano da economia, de caráter competitivo.
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Antonio Carlos Gaio:
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