Roger Agnelli, homem da Bradesco durante 10 anos à frente da Vale, transformou-a na maior produtora mundial de minério de ferro e segunda de níquel, comandando a expansão da empresa para atuar em 38 países e alcançando um lucro nunca antes atingido no setor de mineração, tornando a Vale a maior exportadora do Brasil. Agnelli entrou em choque com Lula quando encomendou 12 navios à China, uma vez que uma das bandeiras do governo era revitalizar a indústria naval e aumentar o nível de emprego. O patrão Agnelli irritou quando demitiu por conta da crise financeira internacional em 2008, sem avisar ao comando econômico, 20% dos empregados e anunciou férias coletivas para o restante, não adequando seus projetos ao modelo desenvolvimentista do país, de mercado interno forte, e recusando-se a beneficiar o minério de ferro e agregar maior valor às exportações, o que significaria investir em siderúrgicas. O governo, através do BNDES, e os fundos de pensão patrocinados por estatais detêm 61,51% do controle da Vale e o Bradesco, 21,21%. Quem tem de mandar na empresa, se ela foi privatizada a preço de banana no governo FHC, sem ser levado em consideração o valor potencial de suas reservas, capazes de abastecer o mundo por 400 anos? Os tucanos, sempre em favor da livre empresa, acusam o PT de pretender reestatizá-la, pondo suas garras no setor privado. Reafirmam também que, a pesar, são os resultados e a excelente administração de Agnelli: não dá para administrar a Vale como Lula direcionou a Petrobras. Mas se a companhia ocupa uma posição estratégica numa das maiores riquezas do país, como ficam os interesses do Brasil? A China jamais deixa de proteger os seus para defender os interesses de quem quer que seja. Os Estados Unidos da América tampouco, especialmente no tocante à indústria voltada para a guerra. Ou bem se entrega o patrimônio a esses homens de visão ou se pensa o Brasil de acordo com o interesse comum da população. As duas coisas não se misturam. Os dois partidos não são feitos da mesma massa.