E foi tanto trabalho,
Estresse, cansaço,
Excesso de rotina,
Que as imagens nas retinas
Ficaram restritas, opacas.
Foi tanta exposição no passado
E suas consequências,
Tanto espanto ao ver
Egos inflamados,
Brigas, maledicências,
Tanta futilidade na rede
Que me vi presa, de mãos atadas
Em silêncio.
E passei a olhar pra dentro
Com calma,
Com paz na alma,
Respirando devagar.
Quanto mais vejo posts e fotos alheias,
Tanta gente virando celebridade
Aplicando sucesso na veia,
Mais tenho vontade de me esconder,
De me recusar a publicar e a dizer.
Mais quero ficar offline, desatualizada,
Fazer Yoga e mais nada.
Curtir a família e amigos
Sem me marcar no Facebook,
Sem postar no Instagram.
E, quando penso no amanhã,
Desejo mais poesia,
Mais afeto
Ao vivo
E perto
De tantos que amo.
Ontem completei mais um ano
E vi o quanto é bom receber carinho.
O quanto ninguém vive sozinho
Ou apenas de dinheiro.
Trabalhamos anos inteiros,
Publicamos tudo, de janeiro a janeiro
E esquecemos de aproveitar as flores no caminho.
De sentir o sol e o mar
E aprender a desapegar.
Sim, desapegar.
O que pega mesmo
É quem somos,
O quanto amamos,
O que construímos.
E não o que postamos,
Onde trabalhamos,
O status que temos.
Que sejamos mais serenos
E plenos de agora,
Dessa hora que já vai embora.
A vida passa muito rápido
E não vemos,
Porque estamos sempre correndo
Atrás de um tempo que nós mesmos perdemos.
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