Aquele investido de autoridade não pode desprezar nenhum dos que estão abaixo dele, já que as diferenças sociais não existem perante Deus e só se encontram no plano terrestre. O Espiritismo o previne, se hoje eles lhe obedecem, já puderam tê-lo comandado ou, no futuro, poderão vir a lhe dar ordens. E, então, será tratado como os tratou.
Todo homem tem na Terra uma missão pequena ou grande, e desviá-la de seu verdadeiro sentido é fracassar no seu cumprimento. Se Deus te deu subordinados, não foi para fazer deles escravos de tua vontade, nem instrumentos dóceis dos teus caprichos ou de tua ambição. Se te fez forte e te confiou, sob teu comando, quem exerça papel secundário, foi para que, amparando-os, os ajudasse a crescer, chegando até Deus.
Deus concede o poder da autoridade a título de missão ou de prova, não sendo um privilégio ou um pertencimento, pois pode lhe ser retirado se, da delegação que terá de prestar contas, investir-se do vão prazer de mandar como um direito ou uma propriedade. Não deve se esquecer de que é um encarregado de almas e responderá pela boa ou má orientação que der a seus subordinados. Vai arcar com as culpas das faltas em consequência de sua orientação, mas também colherá os frutos por conduzi-los ao bem.
Se o superior tem deveres a cumprir, o subordinado também os tem, e não menos sagrados. Não deve pagar o mal com negligência caso seu chefe não cumprir com o que lhe compete – as faltas de um não justificam as faltas de outros. Se sofre na sua condição de subalterno é porque pode já ter igualmente abusado da autoridade que também teve e agora deve sentir, por sua vez, os inconvenientes daquilo que fez os outros sofrerem. O Espiritismo lhe ensina a resignar-se como uma prova necessária para sua humildade, igualmente necessária a seu adiantamento espiritual. Todo desvio do caminho correto é uma dívida que irá pagar cedo ou tarde.