O que leva um tenente-coronel, que já fez parte da tropa de elite da PM (Bope), no setor de inteligência, com 26 anos de corporação, ser acusado de mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli? Ele já foi lotado no batalhão de onde saiu o grupo de extermínio que promoveu a chacina de Vigário Geral – lá, aprendeu muito! Subcomandante de outro batalhão onde o seu comandante visitava milicianos presos sob investigação em quartel da PM e de onde flagraram um grupo de PM furtando cervejas do caminhão de uma cervejaria – um deles arrolado como assassino da juíza e fiel seguidor do que seu chefe mandar. O que fez esse tenente-coronel comandar o Batalhão de São Gonçalo, designado justamente para reduzir as mortes em confronto com toda espécie de bandidagem? Só se foi extorquindo! Por que ser exonerado após a morte da juíza e merecer a chefia do Batalhão da Maré, pedindo para fechar a unidade médica da região com receio das balas perdidas dos traficantes? Só se foi para realizar grandes apreensões de drogas e armas, não apresentar o material à delegacia e ficar com o espólio do tráfico, a justificar o seu apelido de Tudão por exigir de seus comandados um maior empenho nas operações de busca. Por isso, o cineasta José Padilha se tornou uma sumidade com seus filmes “Tropa de Elite” 1 e 2, de enorme sucesso junto ao público, demonstrando a facilidade com que o ser humano investido de autoridade se corrompe e destrói as instituições por onde progride, pisando no pescoço da escória criminosa para alcançar um patamar superior na sociedade, com o ouro roubado dos que trafegam na ilegalidade, marginalidade e clandestinidade, que não têm a quem reclamar. Travestidos de farda, consideram um tributo justo para quem se adiantou na incursão ao inferno.
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