Você se ilumina quando descobre que todas as respostas para suas angústias já estavam dentro de si. Concentramos muito tempo no passado ou no futuro, fazendo pouco contato com o presente, e o que é mais grave, de forma inconsciente. E cada ocasião perdida se acumula, pressionando nosso interior, deixando-nos insatisfeitos.
Angústia para o cristão deriva do pecado. Para a psicologia, decorre do conflito do homem consigo mesmo e com a sociedade. Para o budismo é um fato natural, oriundo de se estar vivo. Afinal, existem muitos sofrimentos: nascer, envelhecer, adoecer e morrer; separação dos entes queridos; divórcio; ser obrigado a permanecer em algo que se detesta; não obter o que se deseja; perder glórias e prazeres.
A origem do sofrimento é a ignorância de se considerar o centro do mundo, o escolhido para acontecer “certas coisas”. Ilusão de um “eu pequeno”. O sofrimento provém da necessidade de segurar todas as coisas do mundo, com apego, quando elas estão em constante mutação. O chamado estado de impermanência que Buda assim explica: “Todas as coisas surgem e vão embora”.
À medida que os infortúnios e as frustrações vão ocorrendo, a angústia vai ganhando corpo. Nos empurrando para a iminência de um abismo criado pela incerteza do futuro. Um passo mais nos fará cair no desassossego. Por desconhecermos nossa própria potencialidade. Ao iniciarmos a duvidar daqueles que nos cercam, precisamos de um espaço para começarmos a florescer. Querer agradar aos outros é uma tentativa. Criar e desfrutar de ilusões é outra tentativa no intuito de suportar um mundo que nos exige partir para a conquista de algo novo. Obrigando-nos a delimitar um objetivo. Fora daí você não tem salvação, a insatisfação sobrevirá. Já não somos os mesmos de ontem e não seremos os mesmos amanhã. Nada é permanente, e estamos em constante mutação. Nossa necessidade é imediata, não se pode esperar uma outra vida.
O mundo provém do pacto entre você se exercer no seu ser humano em que nasceu, ou não conseguir. Em constante estado de tensão que faz aflorar ora o firme, ora o maleável, numa alternância ininterrupta. Graças a uma lei de mutação que renova continuamente todas as coisas e torna o mundo tão sublime como no primeiro dia da criação, essa dualidade edifica tudo o que virá a existir de fato. Tal alternância noite e dia que implica na necessidade de troca, em vista que um não existe sem o outro, serve para explicar uma batelada infindável de fenômenos que cercam nossa existência, já que costumamos ver apenas o que temos diante dos olhos, acostumamos a nos livrar do último para colher o próximo.
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