Sem Eduardo Cunha os golpistas não teriam derrotado Dilma e os legalistas, segundo suas próprias palavras: “Guerra a gente não escolhe parceiro. Cunha foi o parceiro dessa guerra. Sem o Cunha, Dilma faria o sucessor do PT em 2018. No Congresso o jogo é bruto, pra não falar outra coisa. Você será respeitado por mim quando entender o que é esse jogo do poder”. Depois da votação da farsa, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o relator da CPI do mensalão em 2005, que se orgulha de não gostar sequer de ouvir a palavra corrupção, exalou seu mau cheiro: “Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado”. Portanto, não se votou o impeachment na Câmara como reflexo do combate à corrupção ou crime de responsabilidade, conforme deblatera Merval Pereira, indignado com a frequente menção ao golpe, já alardeada pela imprensa estrangeira. Acompanha no voto seu companheiro FHC, declarando que não se pode atribuir aos votos vencedores como originados do baixo clero: “É preciso ver o outro lado da moeda. Houve uma grande democratização por aparecerem como representantes da sociedade cidadãos que antes não se faziam presentes no Congresso. Como efeito de uma inclusão, de uma mobilidade social”. Aproveitando-se do glossário petista como inclusão e mobilidade social, sucesso da administração petista, para sacanear sublinhando que o feitiço virou contra o feiticeiro. O Príncipe, sempre do alto do pedestal, desprezando os que vêm de baixo, seja a favor ou contra. FHC, cada vez mais, se julga não merecedor de viver num mundo tão cheio de imperfeições como o nosso. Que Deus o ouça e o liberte desse corpo enfastiado com tanta pobreza.