Eu já vi três versões filmadas de “Anna Karenina” e a que mais me impressionou foi com a Greta Garbo (talvez por ela ser um mito do cinema). Nunca deixei de ficar com a impressão de um melodrama, excessivamente tedioso e datado, ao contrário de “Madame Bovary”, no gênero – embora seja uma heresia levantar senões em Tolstoi. Contudo, a direção de arte, a fotografia e os figurinos, sob a espetacular direção de Joe Wright, recomendam a ida para ver esse grande espetáculo, na maior parte filmado num teatro, seja no palco, na plateia, nos bastidores ou nas coxias. De forma extremamente original e criativa, apesar de Keira Knightley continuar careteira, o galã ser um homem bonito e um zero à esquerda, e Jude Law não se adequar ao papel de um homem apagado e traído (o seu talento exige um personagem que possa brilhar). O conjunto das qualidades cinematográficas prepondera sobre a temática do preconceito e da discriminação lançados sobre a mulher do século XIX que ousasse seguir seu próprio caminho, em contraposição à família nuclear que se cristalizava em torno de seus valores burgueses.
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