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APEDREJAR, JAMAIS!

Os tucanos defendem o alinhamento automático com as grandes democracias ocidentais, quando se sabe que o Primeiro Mundo não dá ponto sem nó e o seu apreço por nós se mede pelo tratamento usual com que castigam os nossos imigrantes, quando não são assassinados como Jean Charles em Londres.
Portanto, o Brasil, como emergente e para fugir ao jogo de cartas marcadas da globalização, não deve ficar atrelado aos EUA e, por exemplo, à Espanha, que se beneficiou, e muito, com as privatizações do governo FHC. O comunismo praticamente deixou de existir e não há mais que respeitar a fronteira de blocos, ligas e confederações de países para explorar as relações internacionais e conquistar mercados com a mesma intrepidez dos grandes navegadores, quando a Terra ainda era quadrada.
Diplomacia não é para avaliar sob a ótica do lucro os interesses comerciais que Cuba pode vir a despertar. Ou se, agora que temos petróleo a dar com o pau, para que serve o Irã? Se cabe implorar ao regime iraniano dos aiatolás que não produza bombas atômicas, pare de cometer crimes bárbaros contra dissidentes e não apedreje até a morte Sakineh Ashtiani – a mulher que tornou-se adúltera ao fazer sexo depois de enterrar o marido e não respeitar o luto.
Ora, os EUA não pediram autorização a ninguém, nem mesmo ao povo americano, para estreitar as relações de amizade com o tigre chinês, trajado ainda com a camisa de força comunista, mas em transição para o capitalismo selvagem, onde todos os gatos são pardos. A economia japonesa deixou de exibir aquela pujança e o Japão só não ficou mais arrasado porque não dá para esquecer a destruição provocada pelas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Obama jamais pensou em visitar o povo do Tibete para emprestar sua solidariedade. A fortuna que os mafiosos russos roubaram do comunismo na União Soviética foi recebida de braços abertos para alavancar a economia inglesa – ninguém questionou sua origem.
Apedrejar mulheres por infringirem o preceito sagrado de não fornicar em memória de seus falecidos maridos é um costume bárbaro e hediondo, completamente incompatível com o estágio avançado que alcançou o ser humano. Mas que não encontra solução nos EUA para os constantes atentados cometidos no local de trabalho por empregados revoltados com sua demissão ou por estudantes de nível secundário que matam seus colegas por não suportarem a competição que os espera e os esmagará, com certeza – mata-se à vontade e a esmo.

Antonio Carlos Gaio:
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