Algumas pessoas passam ou entram em nossa vida para nos ensinar a não ser como elas são. Vêm com essa missão, acredita-se inconsciente, para nos infernizar, até para passar a limpo seu próprio inferno, aí crendo que também são vítimas do mesmo fenômeno no sentido inverso.
A revolta com esses seres inatingíveis se inicia em por que tanta necessidade de valorizar seus feitos, alardear sua honestidade e declarar-se incorruptíveis, se a velhacaria que lhe cai tão bem não deixa mentir? Se não conseguem esconder o maquiavelismo no tom de voz, ora macio, pisando leve que nem um felino pronto para dar o bote, ora falsamente indignado, para provar as reais intenções de uma autêntica vestal. Quando não se especializam em sapecar um beijo de Judas em ti.
Temos que passar por essa provação para desmaterializar fetiches programados para testar nossa paciência e capacidade de resistência sem desenvolver uma agressividade de caráter reativo. E nos ensinar a não repetir sua trajetória e adotar os mesmos métodos de quem é péssimo exemplo e quer ser majestade.
Portanto, controle-se que o inimigo não é tão feio quanto parece. De princípio, é bem verdade que assusta como se pode chegar tão longe, se não fosse sua inconsistência pulverizá-lo e um vento varrer sua podridão vertida em pó para não deixar um sinal sequer de sua presença considerada nefasta.
Não dá pena porque nunca se sabe se é o médico ou o monstro que voltará a te atacar. É um espírito que certamente precisa de ajuda, não fosse tão professoral ao dissertar sobre doutrinas. Como não está inteirado da fenomenologia que se apossa do seu espírito, até porque pouco se conhece no castelo em que se enfurnou, há que ficar alerta para se defender visto que ele fere sem aviso prévio. Seria necessária uma psicanálise à altura de descamar o ogro em que se tornou e purgar sua alma do pus que contaminou sua essência.
Você apenas terá que aprender a lidar com esse espírito posto na sua frente para não o discriminar ou rejeitá-lo, posto que ele não faz a menor questão de disfarçar sua natural petulância quando exige ser convencido para esposar as ideias que você apresenta ou mesmo te aceitar como distinta pessoa – confesso do quão difícil é amar a seus próximos por não conseguir suplantar as diferenças.
Vamos pedir emprestado ao mestre Cazuza piedade, Senhor, piedade, para que lhe dê grandeza e a alma não se amesquinhe tanto.