À época da ditadura, se dizia à boca pequena que os militares tinham uma cabeça do salário mínimo que queriam impor à população. Ou seja, limitados para governar o país, mas com fuzil na mão. Pois bem, passados 48 anos, os militares da reserva não parecem ter evoluído. Convocaram para um evento de comemoração ao golpe militar de 1964, às 15h do dia 29 de março no Clube Militar (Rio), já que no dia 31 de março a presidente Dilma proibiu a comemoração oficial, até em respeito a ela mesma, por ter sido torturada pelas forças armadas. O convite se remete ainda à Revolução de 1964 e exige traje esporte fino, visto que fardado confirmaria a insubordinação. Puro revide à Comissão da Verdade pensar em enquadrar colegas da corporação, não confiando muito no taco do juiz Gilmar Mendes. Não deviam ter reiterado que agora estamos numa democracia e que podemos nos expressar livremente. Virou uma provocação. Militares de esquerda que foram cassados, vestidos de pijama, o cineasta Silvio Tendler, o Grupo Tortura Nunca Mais e outros que não suportam o fascismo se organizaram e combinaram de se encontrar uma hora antes, no mesmo local e dia. Porém o pior ainda está por vir para a turma da caserna. Eis que se espalha pelo país um movimento que leva faixas e cartazes com imagens de militares e das vítimas que torturaram, promovendo apitaços em frente à casa ou endereço de trabalho de pessoas identificadas como torturadores, com a intenção de constrangê-las. A ideia é tirar do ostracismo a verdadeira história do Brasil com o bordão “Aqui em frente mora um torturador”.
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