Pedro Álvares Cabral, antes de descobrir o Brasil na Bahia, bebeu nas águas dos rios das Alagoas. As praias eram de livre acesso aos índios, mas os brancos do século XXI, de olhos não lá muito azuis, as tornaram restritas. Evidentemente as mais bonitas para usufruto dos condôminos que substancialmente molhassem as mãos dos especuladores. A justificativa é de que os pobretões não estariam à altura e transformariam as espetaculares praias em piscinão de Ramos ou redutos de farofeiros. Como se os supostos ricos, contaminados por uma cultura tão superficial quanto cocô boiando na água, não furassem filas na preocupação de ocupar os melhores lugares, desprezando o direito dos que os antecederam, ou não se apropriassem de ideias ou espionassem projetos industriais. A demonstrar que são superiores por terem alcançado um status com que tanto sonharam, mas duvidaram que fosse acontecer. Essa é a nascente da luta de classes: os emergentes não querem ser equiparados aos que um dia eles já foram. Consideram que venceram esse passado ingrato, não lhes falta um dedo nas mãos e a boca se encontra muito bem cuidada. Ultrapassaram o portal em que se glorificam como a banda larga da internet, ou seja, chegam em todos os rincões do mundo e agora todos os aceitam, sem questionarem suas origens. Tornaram-se ricos e não são mais discriminados.