O dossiê de mais um aloprado trata-se, na verdade, de um livro ainda não publicado com 14 capítulos, intitulado Os Porões da Privataria, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que está sendo produzido há cerca de dois anos e descreve o que teria sido a participação de Serra, dentre outros, nos bastidores das privatizações, durante os dois mandatos de FHC. Revela as ligações perigosas de diversos tucanos com a intermediação das privatizações e o fluxo do dinheiro malandro para fazê-lo entrar no Brasil, oriundo de paraísos fiscais. A investigação de Ribeiro Jr. arrola a filha do Serra, o genro Bourgeois e o primo Preciado. A conexão entre as Verônicas, Serra e Dantas, irmã do perseguido banqueiro Daniel Dantas. Essa é a razão de Serra ter acusado Dilma de estar por trás da “baixaria”. Conhecido por fuçar boas histórias, Ribeiro Jr. tira o capuz do deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), visceralmente ligado a Serra, para fazer uso de arapongas com sua experiência de Polícia Federal e vasculhar a vida de Aécio Neves, com o intuito de tirá-lo do páreo de candidato a presidente pelos tucanos. Quando é tão comum no país irmão Estados Unidos publicarem verdadeiros tijolos para demolir candidaturas em ano de eleições. É a temporada de caça a mitos, a forjar falsos valores, à hipocrisia, sem haver necessidade de provar como se estivesse perante um juiz. Se a cultura política do Brasil não está aberta à contestação do gênero de dossiê por dentro do sistema e somente abarca a literatura chapa-branca ou peças bem-humoradas como o “Dicionário Lula”, de Ali Kamel, ou “Lula é minha anta”, de Diogo Mainardi, há que elevar o gabarito da discussão, nem que tenha de se baixar o nível, sentando o pau no adversário.