O cinema espírita não é simpático aos críticos por considerarem-no religioso e não ser um bom entretenimento. Ou conter uma dramaturgia que nos conduz sempre ao lugar-comum e à morbidez da morte. O filme se debruça sobre cartas psicografadas por Chico Xavier de filhos que desencarnaram precocemente para pais inconsoláveis com a perda. Pais que não acreditavam na vida além da morte, sequer conheciam Chico Xavier ou mantinham reservas quanto ao espiritismo. Mas que cederam ao reconhecerem seus filhos nas cartas descritas de tal forma que uns se apegaram ao espiritismo como tábua da salvação enquanto outros o captaram perfeitamente. Ou seja, por mais que os tenhamos gerado e criado, os filhos pertencem ao mundo. Se curta a existência, não cabe soltar os cachorros sobre os santos nem investir contra Deus. Aceite o seu destino e o reverta. Não adianta o espírito de sacrifício da mãe extremada rasgando-se em lamúrias copiosas, que isso não o resgatará do Plano Espiritual; pior, prejudicará sua progressão espiritual, com os seus pés ainda fincados aqui, a confortar seus pais inconformados com o filho ter partido primeiro. O relato do Plano Espiritual levanta o ânimo, incute a crença, areja a mente, redobra a fé, desobstrui seu caminho e semeia humildade. Mesmo assim, há os reticentes, os eternos críticos que preferem ficar enredados nas malhas da fantasia que a arte cinematográfica sugestiona. Não mais acreditando que vieram ao mundo a passeio, porém aguardando que uma porta secreta se abra e eles por lá se infiltrem em busca de sua alma perdida.
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