O presidente Lula é acusado de simplificar certas afirmações, como a culpa do mundo ter ficado assim ser dos brancos de olhos azuis. Como sintoma de sua acanhada formação cultural de não conseguir apanhar o todo e incorrer em gafes típicas de Evo Morales e Chávez. Segundo parcelas esclarecidas de nossa sociedade, que ignoram o mundo ainda se apoiar em maniqueísmos do tipo ou você é pobre ou rico, classe média é para estatístico ou sociólogo. Em eleições, se explora muito se o candidato é corrupto ou não: quem é mais ladrão, o mensaleiro ou os carrascos do mensalão, cujos podres pouco a pouco vão aparecendo no Congresso? Os nordestinos e nortistas reclamam do preconceito dos sulistas ou vice-versa, conforme o país a que se refere. Ou você fala a verdade ou então está mentindo. Ou se tem caráter ou se manipula o fato. Ninguém duvida de que o Brasil recebe de braços abertos estelionatários, terroristas e talibãs, mas a Suíça passa batida como um paraíso fiscal recheado de brancos de olhos azuis e nem por isso leva a peçonhenta fama das ilhas do Caribe. Só depois de Lula ter sido reeleito é que a intelectuália política sacou o perigo que representam as metáforas do presidente-operário, antes motivo de chacota. Sem absolutamente ser comunista, explora sem dó nem piedade o conflito de classes sociais e a injusta distribuição de renda, promove o enterro simbólico do receituário do FMI e congêneres, e estimula a política de cotas raciais, baseado nas próprias batidas policiais que prendem, primeiro, o negro. Lula não simplifica porque é pobre na linguagem, ao contrário, passa mensagens nas entrelinhas desde o tempo dos sindicatos que atingem seu público-alvo, batendo nas teclas da discriminação. Irritando aos mais letrados, a quem não interessa ficar na posição politicamente incorreta da discriminação de setores mais bem informados contra setores menos esclarecidos da população. Mais e menos, vejam de que lado estão.
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