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AS MINHAS ASAS SÃO AS MINHAS PERNAS

Se não podemos voar como Pégaso, as minhas asas são as minhas pernas. Se não tenho os poderes de Netuno, não posso mergulhar nas profundezas do oceano, pois não terei gás para conversar com cavalos-marinhos, polvos caolhos ou lampreias sugadoras. As minhas asas são as minhas pernas e para me defender serei anfíbio, de temperamento distinto e de opinião sempre oposta a que você expuser, ainda mais que não sou um homem que procure elogios fartos. As adulações me deixam tonto, sem ter o que dizer, e inspiram falta de firmeza no terreno em que estou pisando.  Um dia podem me pisar por professar credo político ou religioso contrário às suas convicções. Pai, afasta de mim este cálice porque desta água não beberei! Prefiro a vida dupla do anfíbio para me refugiar no outro ser, onde poderei dar asas à minha imaginação enquanto as pernas descansam. Onde ninguém me conhece, somente Deus, pois as minhas asas são o meu espírito.
Categories: Espiritualidade
Antonio Carlos Gaio:
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