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AS PROEZAS DE CACHOEIRA RATIFICAM A ESPIONAGEM E O EMPREGO ABUSIVO DE DOSSIÊS NO SUBMUNDO POLÍTICO

Cachoeira se interessou em comprar um partido político só para ele, quando não os punha no bolso. Corrompeu governadores e prefeitos através do braço armado da construtora Delta, que se meteu em tudo quanto é concorrência. Transpôs DEMóstenes de senador para serviçal. Quis “ter alguém com o poder na mão” elegendo mandatários. Promoveu gravações clandestinas para chantagear inimigos políticos. E por que não fornecer material para a revista Veja incendiar os governos Lula e Dilma? Usando-a como instrumento de seu esquema de coação e chantagem no submundo político, a ratificar a indústria de dossiês num de seus nascedouros. 
Mas se o movimento “Basta à Corrupção”, mais preocupado com o julgamento do mensalão, eleva a Veja à categoria de expoente do jornalismo investigativo, o que aconteceu para os seus editores nunca terem desconfiado das relações de Cachoeira com DEMóstenes e Perillo? Por que a tropa de choque dos éticos não se indigna com o governo Serra, que torrou recursos destinados à educação comprando dezenas de milhares de exemplares da Veja e distribuindo pelos quatro cantos públicos de São Paulo? Por acaso isso não se chama comprar o silêncio da mídia? Ainda mais que Serra classifica os blogueiros como também vendidos à propaganda oficial do lulismo.   
Agora que já se confirmou que um bandido é a fonte da Veja, partindo-se dos 200 telefonemas travados com o bicheiro que a comprometem e pelo silêncio de ambos que denota angústia, paira a dúvida de por quantos anos perdurou a relação promíscua e que lucro tiraram um do outro. 
A Veja, se chamada a depor na CPI do Cachoeira, não pode alegar preservação da fonte se a origem é tudo aquilo que ela condena como se fosse a detentora da moral pública e vigilante do peso da ética, toda vez que estuprada desse jeito. 
Na Inglaterra, o coração da liberdade de imprensa, Rupert Murdoch, embora magnata de um império de mídia global, não se livrou de depor perante uma banca de examinadores do Parlamento britânico, sendo considerado inapto para o exercício do jornalismo em idade provecta. A exemplo de Cachoeira, Murdoch se aproveitou de relações também promíscuas e privilegiadas que mantinha com o governo conservador do partido de Margaret Thatcher, o qual ajudou a elegê-lo para depois cobrar a conta. Com o apoio logístico de expoentes da Scotland Yard, o escroque teve o descaramento de montar uma rede de grampos ilegais em celebridades, políticos e cidadãos com poder de decisão na sociedade, escolhidos a dedo a fim de expor seus deslizes e safadezas para vender mais jornal. Logo num país que prima por zelar pela privacidade!
Que a mídia não transforme as investigações sobre a conspiração entre a Veja e o Cachoeira num atentado à liberdade de imprensa. Seria corporativismo e uma clara iniciativa para acobertar crimes com o propósito golpista de eliminar da vida pública inimigos que não pensam igual.

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Antonio Carlos Gaio
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