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AS TRÊS BEBÊS

Tem gente que não acredita em espiritismo. Sonho já é mais difícil de duvidar. Quando ambos estão intimamente interligados. Se toda história sobre a trajetória de um povo ou país, ou mesmo de um projeto de transformação social ou projeto de vida, tem sempre um sonho a dar substância e insuflar seus ideais.

O sonho também pode estar vinculado a uma existência em que deixou de encarnar por ter sido abortada em virtude do pai não se achar capaz de dar conta da missão de educar o filho. E se a mãe, que abortou, muitos anos depois tiver sonhado com três bebês, todas meninas como seria de sua preferência, e o seu marido aparecer sobraçando uma bebê numa primeira visão, e duas outras, uma em cada braço, numa segunda olhada?

Isto significa que ela deveria ter dado à luz? E não acatar o que o pai pediu por conta de sua insegurança? A felicidade que lhe trouxe o sonho demonstrou que sua atitude foi infundada e que a família deveria ter sido constituída? Num tempo em que a mãe solteira não era respeitada e ainda não tinha lugar na sociedade.  

De que adianta sonhar agora se sua idade mal lhe suscita paz para cuidar de sua própria saúde? De si mesma! Para deixar claro o tremendo erro que provavelmente custará a ambos mais uma encarnação, no mínimo?

Por outro lado, com que sentido exalar tanto amor e satisfação findo o sonho? Se o que se nota em casos como esse é uma frustração diante da não realização maternal e o homem não conseguir abraçar sua continuidade.

A imagem da criança no colo do pai procurando se atirar nos braços da mãe para ser protegida, acariciada e beijada é forte, uma obra-prima digna de um grande mestre da pintura do nível do impressionismo, ainda por se pintar. A revelar o tamanho do amor desperdiçado e o necessário encadeamento de gerações por se construir, baseado em amor, confiança no futuro e depositar mais fé em tudo que faz.

Quantas interrogações a refletir obstáculos por vencer apenas numa só encarnação! Por isso, é preciso várias. Para desde já não perder a esperança nessa aqui, achando que está tudo perdido e que o ser humano não tem solução, retardando a vocação de nossa natureza evolutiva. 

Antonio Carlos Gaio:
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