Oficiais reformados das três forças estão fazendo circular uma lista apócrifa relacionando 119 nomes de militares, supostas vítimas da luta armada contra a ditadura, em retaliação a Dilma ter criado a Comissão da Verdade e tratado a questão dos desaparecidos como de Estado. Reivindicam para os militares vitimados no cumprimento de defender o Estado opressor tudo o que foi concedido aos insurgentes contra a ditadura: honrarias, pensões e indenizações. Como se a grande família militar não os tivesse amparado nos anos de chumbo. Como se pudesse comparar o rolo compressor do SNI, torturadores e executores com um punhado de inimigos do capitalismo que pegou em armas para lutar contra o regime que expulsou Chico, Caetano e Gil do país, sob o lema de ame-o ou deixe-o. Numa tentativa de colocar na mesma cumbuca comunistas que se armaram para enfrentar os militares com quem achou que esse não era o melhor caminho ou demonstrou ser antipatriota ao abraçar ideias democráticas contrárias à censura implacável. Como honrarias, se arrancaram os seios e com cassetete estupraram Sônia Angel (nora de Zuzu Angel) em 1973? Mesmo tendo tio comandante do DOI-CODI de Brasília e pai posteriormente tenente-coronel da reserva, que conseguiu a correção do certificado de óbito e a verdadeira identificação de sua filha, quando ela havia sido enterrada como indigente. Mesmo assim lhe entregaram os ossos de um homem, necessitando de seis exumações para se chegar aos restos mortais de sua filha. Há que baixar a crista se tudo vier à tona e ganhar publicidade, à medida que torturadores, médicos-legistas, mandantes de crime organizado pelo Estado fardado e paus-mandados envolvidos, na iminência de ficarem gagás e acovardados perante a proximidade do Juízo Final, resolvam abrir a boca e lembrar do martírio causado àqueles de quem arrancaram confissões procurando destruir sua integridade e a sua ideologia – “preciso de uma para viver”, segundo Cazuza.
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