Se você trocar uma letra de lugar,
a palavra “alergia” vira “alegria”.
Que bom seria se a vida pudesse
ser como a poesia, né?
Mas quem disse que não é?
Eu, por exemplo, tenho alergia
do topo da cabeça ao dedão do pé
a tudo que tire minha fé
numa vida melhor,
num eu melhor.
Acho o “ó”
esse negócio de ser mal influenciado.
Influenciado por quem, cara pálida?
Vai ser vítima em outra história?
Pra mim, isso é burrice
ou falta de memória.
Não lembra o quanto sofreu?
E que o sofrimento foi todo seu?
Não se entregue de bandeja a ninguém.
Nem a você mesmo.
Nada acontece a esmo.
E pra gente apanhar mesmo.
Apanhar no caminho
tudo que foi flor e espinho
e levar adiante.
Para sermos melhores que antes.
Sei lá, posso estar até falando besteira,
sem eira nem beira,
mas sempre que estou à beira
de um ataque de nervos,
mesmo quando eu fervo
depois assopro e me toco
que não vale a pena
insistir no desespero,
no destempero,
nos recorrentes erros.
Correntes e aterros.
Então, desenterro a alegria perdida
e, “voilá”: venci mais uma alergia da vida.
Saúde pra você também.