“Aquele que, dentre vós, estiver sem pecado, atire a primeira pedra.” Até hoje essa pedra ricocheteia em nossos rostos. Jesus Cristo esclareceu que aplicar-se-á a vós na mesma medida que houverdes julgado outros com o rigor de um deus implacável e num grau de moralismo que não perdoa os mais frágeis. Não que não se precise combater energicamente o Mal que nos assola e ajudar o progresso de seu semelhante, mas a maledicência e a maldade costumam progredir no espírito do julgamento severo. A moral está sempre em jogo e sujeita a interpretações conforme a cabeça de quem dita a sentença condenatória. Antes de condenar, ausculte seu coração para que um dia a reprovação não recaia sobre si. Por isso, Jesus faz do perdão um dever, pois não existe nenhuma alma que não careça de misericórdia para si mesma, tamanha a nossa imperfeição e total despreparo para dar conta de obstáculos que diariamente não param de surgir. Quanto mais julgar!
De nada valerá o que está escrito se não for seguido o ensinamento que provém do espírito. Qual seja o que Jesus disse a Pedro: “Tu perdoarás, mas sem limites. Perdoarás ainda que a ofensa te seja feita muitas vezes”. Jesus sabia do que estava falando por conhecer muito bem nossa alma. Se para nós perdoar uma vez já é difícil, fácil de constatar quando apenas uma palavra cai mal e sua fisionomia se transforma instantaneamente, à frente de todos, sem que consiga dissimular. Nem lhe passando pela cabeça se desculpar pelo rancor demonstrado ou pelos maus pensamentos veiculados. Só se notar que feriu a suscetibilidade de outrem e se sentir culpado pelo mau gesto e, ainda assim, reagindo com retardo. Farás, enfim, o que desejas que Deus faça por ti. Não tem Ele te perdoado sempre? Acaso contas as inúmeras vezes em que incorres em erros? E o Seu perdão vem apagar as tuas faltas? Se os teus atos te prejudicarão inevitavelmente devido às imperfeições que caracterizam o ser humano, o perdão tem que ser proporcional à gravidade do mal cometido. Por que não perdoar sinceramente as pequenas ofensas que te façam? O perdão das injúrias não deve ser uma palavra vazia e inútil. Sois responsáveis pelo que pensais. Feliz daquele que pode a cada noite deitar-se sem qualquer sentimento de rancor dirigido a seus próximos.
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