Se alguém depositou R$ 3.800 na sua conta, a primeira medida a tomar é descobrir a origem. De que bolso saiu para entrar no seu. Salvo se você nem lê seu contracheque, ou porque ficou rico, ou porque não tem tempo para perder com quinquilharias como auxílio-moradia, se ocupado, na presidência do Senado, com os problemas graves da nação. Decidir qual candidato a presidente apoiar, infidelidade partidária, doações para as campanhas, estratégia de guerra aos inimigos, se defender do que os jornais o acusam, distinguir privilégio do que é a paga justa no exercício parlamentar e, por último, ética. Sarney, com mais de 50 anos de vida pública, não precisa de auxílio-moradia, assim como senadores que possuem jatinho não deveriam arranhar sua credibilidade com o uso torto de passagens aéreas. Se Sarney não é cuidadoso nem criterioso com o que ingressa na sua conta bancária, imagine como presidente do Senado. A imagem que os deputados e senadores passam é que ficam esperando que descubram suas manobras ilícitas ou negócios escusos, para depois pedirem desculpas. Não cogitariam de se suicidar como o ex-presidente da Coreia do Sul, Roh Moo-hyun, que não suportou a vergonha de ser investigado por corrupção, não sem antes conclamar seus partidários a abandoná-lo, pois perdera o direito de dizer qualquer coisa sobre democracia, progresso e justiça.